Fabricação clandestina de espadas envolve 70% da população de Cruz das Almas
Cerca de 20 mil pessoas estão envolvidas na produção das espadas em Cruz das Almas (a 146 km de Salvador), no Recôncavo baiano. Todo processo é manual. Canudos de bambu enrolados com barbante de sisal encerados com cerol são preenchidos com barro, pólvora e limalha de ferro. Segundo os próprios fabricantes, são comercializadas 15 mil dúzias ou 180 mil espadas durante os festejos juninos para consumo local, para várias cidades da região e a capital.
O preço da dúzia do artefato varia de R$ 20 a R$ 200, dependendo do tamanho e do volume de pólvora. O processo de confecção das espadas começa pelo menos dois meses antes do início dos festejos e 70% da população fabrica o produto.
Não existe fiscalização porque a atividade é ilegal. As fábricas clandestinas funcionam em fundos de quintais ou em garagens na zona rural ou no centro da cidade. “É tudo escondido no mato, mas na cidade também tem”, revela Antônio Batista, 73 anos, fabricante de espadas há 45 anos. “Cruz das Almas cresceu com a tradição das espadas. Só quem leva fama da guerra de espadas é o pessoal de baixa renda ou os que vivem na zona rural, mas todo mundo usa”, disse. Quando há denúncias da existência da fabricação, a Polícia Civil investiga.
Durante as rondas, a Polícia Militar apreende material. “Quando o responsável é identificado, é conduzido para a delegacia. Agimos com rigor nos casos de excessos e de abuso de queima de espadas”, afirmou a capitã da Polícia Militar Jordana de Almeida Souza. Fiscalização – A PM diz que vai intensificar as rondas e a fiscalização durante os festejos juninos. A queima e a fabricação das espadas são proibidas por lei. A “guerra”, quando os usuários lançam o artefato uns contra os outros nas praças e ruas da cidade durante o São João, é tolerada sob a alegação de ser uma tradição secular.