O terceiro dia de julgamento do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de matar Isabella em 2008, é marcado pelo depoimento da perita Rosângela Monteiro, do Núcleo de Crimes Contra a Pessoa do Instituto de Criminalística (IC), um dos mais esperados entre os envolvidos no caso.
Rosângela é a primeira a ser ouvida nesta quarta, após o início do julgamento por volta de 10h15, com mais de uma hora de atraso.
Rosângela disse que as manchas de sangue no apartamento do casal estavam “interrompidas”, o que representa que houve tentativa de limpar o local do crime. Ela recusou a hipótese do sangue ser de animal ou qualquer outro tipo de mancha, como a defesa já declarou que pretende provar. O advogado Roberto Podval disse antes do julgamento que pretende mostrar que o luminol, utilizado para localizar as manchas de sangue, reage com outras substâncias, como cenoura.
Ronsângela detalhou, em seu depoimento, como foi feito os testes para identificar que as manchas de sangue pertenciam a uma pessoa. Ela é a única perita em São Paulo autorizada a trabalhar com o reagente. Ela foi questiona pelo promotor Francisco Cembranelli se na bancada de defesa do casal tinham alguém capacitado a usar o Bluestar (reagente). Ela disse que não e foi questionada por Podval. “Como a senhora pode dizer que não seria capaz de usar o reagente?”.
A perita falou que o apartamento do casal foi o local de crime mais bem preservado que já trabalhou, contestando o argumento da defesa de que policiais alteraram a cena do crime.
Plateia – O pai e a irmã de Alexandre, Antônio e Cristiane, acompanham o julgamento. Eles não falaram com a imprensa na chegada ao Fórum. Já o advogado de defesa, Roberto Podval, conversou com os jornalistas na sua chegada e disse que pretende reduzir o número de testemunhas a serem ouvidas com o objetivo de acelerar a finalização do julgamento.
Ele disse que pretende diminuir pela metade as oito testemunhas convocadas, sem deixar claro quem será dispensado. Podval, que foi vaiado por populares ao chegar no Fórum, disse que ainda não decidiu se pretende convocar Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, para uma acareação com o casal. Ele informou que isso depende do depoimento de Alexandre e Anna Jatobá.
Choro – A madrasta de Isabella, Anna Carolina Jatobá, chorou ao ver o pai, Alexandre José Peixoto Jatobá, no Tribunal do Júri nesta terça-feira, 23. Anna Jatobá deixava a sala do Júri quando Alexandre a avisou que o pai dela estava na plateia.
Ela acenou para o pai e começou a chorar. Em prantos, a mulher encostou na parede e colocou as duas mãos no rosto. O pai bateu no peito com a mão direita lembrando que amava ela e mostrou um terço na direção da filha. Essa foi a primeira reação de Anna Jatobá desde o início do julgamento. Até então, o casal não demonstrava reação, nem durante o depoimento de Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella e que chorou quatro vezes, nem durante o testemunho da perícia nesta terça, que mostrou fotos do corpo da menina.
Essa também foi a primeira vez que a imprensa flagrou um contato entre Alexandre e Anna Carolina durante o julgamento. Normalmente, eles não se olham, nem se falam, o que é proibido durante o Júri.
A Tarde