Cada dia mais os casos de violência doméstica são denunciados às autoridades policiais. Isso se dá, segundo especialistas, devido às campanhas de conscientização e a facilidade de informações nas redes sociais sobre o tema. Ao todo, em 2020, foram registradas 105.671 denúncias de violência contra a mulher, tanto do Ligue 180 (central de atendimento à mulher) quanto do Disque 100 (direitos humanos).
Mas os números podem ser ainda maiores. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado no último mês, apontam que, o Disque 190 recebeu 694.131 ligações sobre violência doméstica, total 16,3% maior do que o ano anterior. Ou seja, a cada minuto de 2020, alguém ligava para um centro de denúncias para relatar um caso de violência doméstica contra mulheres.
O Anuário apontou ainda que, para além do aumento no número de mortes violentas no país durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19 também trouxe números de feminicídio ligeiramente maiores do que os registrados em 2019: foram 1.350 casos de assassinato motivados pelo gênero, um aumento de 0,7%. Entre as mulheres assassinadas, 61,8% delas eram negras e 81,5% dos crimes foram cometidos por companheiros ou ex-companheiros, sendo mais de metade deles realizado com uso de arma branca.
Há um alerta: os números divulgados pelas autoridades, apesar de altos, podem não revelar a real situação no país, que foi agravada devido a pandemia, onde mulheres se viram obrigadas a conviver com seus agressores com mais frequência. Para auxiliar no balanço de informações, muitos pesquisadores estão recorrendo a fontes alternativas de dados para terem mais elementos de análise. A pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública coletou dados de publicações no Twitter e, analisando relatos por vizinhos de brigas de casais (com indícios de violência doméstica), registrou um aumento de 431%, entre fevereiro e abril de 2020.
Segundo o Instituto Igarapé, que se concentra em questões emergentes de segurança e desenvolvimento, “há enorme subnotificação de casos, além de dificuldades na coleta e padronização das informações sobre violência doméstica. Em geral, os dados que possuímos são escassos, incompletos e desatualizados”.
Campanha
Diante do aumento dos casos e da necessidade de proteger as mulheres, visando o combate da violência contra a mulher, bem como a sensibilização de toda a sociedade, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Jequié e Região (SINSERV) aderiu a campanha “Agosto Lilás – Não vão nos calar”. O objetivo é chamar atenção para as diversas violências físicas, psicológicas e patrimoniais sofridas por mulheres, e informar os canais de denúncia. A campanha vai abordar o tema com postagens que explicam quais são os tipos de violência e apresentando exemplos reais de cada caso.
De acordo com o Presidente do SINSERV, Venício Lucena, o sindicato estará sempre junto nessa batalha: por igualdade, por melhores condições de vida, por reconhecimento. Ele disse ainda que apesar das conquistas, o dia-a-dia demonstra que a realidade ainda é dura para muitas mulheres. Mesmo que elas não sofram violência física, algumas ainda sofrem assédio moral ou sexual em seus ambientes de trabalho. “A violência contra mulheres é uma grave violação dos direitos humanos. Seu impacto resulta em consequências físicas, sexuais e mentais, incluindo a morte. Por isso, denuncie… uma mulher não pode ter medo de enfrentar os injustos nem a injustiça, devemos combater juntos a violência contra mulheres. Qualquer pessoa pode denunciar casos de violência contra mulheres. Basta ligar 180, número da Central de Atendimento à Mulher, de forma anônima e gratuita, disponível 24 horas, em todo o país”, alertou.
Venício disse ainda que “o SINSERV tem o compromisso de lutar pelos servidores na defesa das pautas corporativas, dos direitos das mulheres, bem como, estar junto com os demais trabalhadores e movimentos sociais na busca de um mundo melhor para todos. Devemos orientar e conscientizar as mulheres para a defesa integral dos seus direitos.”
Ofereça ajuda – Quando você tem conhecimento de que há violência doméstica, o recomendável é orientar a mulher a fazer a denúncia: a violência doméstica é crime, mas a omissão frente ao sofrimento e à violação dos direitos humanos das mulheres também é. Além disso, se a mulher sente-se acolhida no local de trabalho ou na família estará muito mais fortalecida para enfrentar o problema, o que é a essência da rede de proteção e apoio. O SINSERV deixa um alerta importante: se você passa por violência ou conhece alguém nessas condições, não pense duas vezes, denuncie!
Como denunciar – Há diversos canais gratuitos que podem receber o registro. O governo federal aponta que há dois canais digitais, o Disque 100 e o Ligue 180, que recebem as denúncias de violações de direitos humanos e de violência contra a mulher, respectivamente. Qualquer pessoa pode fazer uma denúncia pelos serviços, que funcionam 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. Além de cadastrar e encaminhar os casos aos órgãos competentes, a Ouvidoria recebe reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.
O governo também disponibiliza o acesso ao Disque 100 pelo WhatsApp. Para receber atendimento ou fazer denúncias por esta nova via, o cidadão deve enviar mensagem para o número (61) 99656-5008.
As/os denunciantes também podem fazer o registro em qualquer Delegacia de Polícia ou nas Unidades Especializadas. O pedido de socorro também pode ser feito pelo canal da polícia militar pelo 190. Em caso de violência, denuncie!