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Mulheres se levantam para pôr fim ao feminicídio e a todo tipo de violência de gênero

Por Marcos Aurélio Ruy

Em meio à maior pandemia sanitária da história, mulheres de todo o Brasil criaram o Levante Feminista Contra o Feminicídio com um manifesto divulgado em 12 de março e a campanha Nem Pense em Me Matar – Quem Mata uma Mulher Mata a Humanidade, em uma live na quinta-feira (25).

Na live foi lançada a música Corpo Meu, de Cris Pereira, interpretada por Fabiana Cozza. A canção aponta para a luta contra a opressão patriarcal, que há séculos violenta, maltrata e discrimina as mulheres. “O Brasil permanece como um dos países com maior violência de gênero”, afirma Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

A sindicalista mineira e ativista do feminismo popular e emancipacionista reforça a necessidade de unidade do movimento porque “precisamos parar a violência contra as mulheres, as meninas, os LGBTs, a população negra, os povos indígenas”.

As pesquisas mais recentes mostram que 13 mulheres são assassinadas por dia no Brasil, milhares são estupradas e a maioria das vítimas é composta por meninas de até 13 anos, o assédio sexual e moral corre solto no mundo do trabalho e nas ruas.

“É muito difícil ser mulher neste país de cultura arraigada patriarcal e escravocrata”, alega Celina. Mas “estamos construindo o novo, onde prevaleça a igualdade, a liberdade e a vida”.

Neste momento uma das bandeiras fundamentais é o “Fora Bolsonaro” para o Brasil “começar a combater com efetividade a pandemia do coronavírus”, reforça.  “Muitas brasileiras estão morrendo de maneira estúpida porque existem homens que agem como se fôssemos propriedade deles e por isso podem fazer o que querem. Chega”.

De acordo com o Levante Feminista, somente no primeiro semestre de 2020 foram assassinadas 648 mulheres pelo fato de serem mulheres (Feminicídio), uma média de 108 mortes por mês. Sendo que a maioria das vítimas são as negras.

“Apesar de sermos maioria da população no país (56% dos brasileiros se assumem como negros ou pardos), o genocídio da população negra cresce assustadoramente”, acentua Mônica Custódio, secretária da Igualdade Racial da CTB. “É uma política de extermínio das pessoas em maior situação de vulnerabilidade, onde o Estado está ausente, onde chega somente o braço repressor do Estado”.

O manifesto das feministas denuncia o reforço à cultura do ódio, da misoginia, da discriminação, do desprezo pela vida. “O que precisamos nesse momento é de programas consistentes de enfrentamento à cultura patriarcal e racista que leva ao feminicídio. Do contrário, não haverá paz no Brasil. É evidente que o machismo, os ataques brutais e a matança de brasileiras arruínam a democracia”, diz trecho do manifesto.

Leia, divulgue e assine o abaixo-assinado em favor da vida aqui.

Além de lançar esse manifesto e a campanha, o movimento também está com uma página no vakinha.com.br para levantar fundos importantes ao desenvolvimento da campanha. “Precisamos salvar vidas no combate à pandemia, à violência de raça e de gênero e com nossas atitudes avançar para a construção da cultura da paz”, argumenta Kátia Branco, secretária da Mulher da CTB-RJ. “Unidas e coesas podemos mudar o país e o mundo”, reforça.

Acesse o site vakinha.com.br e colabore com a campanha.

“Queremos acordar as autoridades brasileiras para que elas tomem providências. Acordar homens para que tomem providência. A mudança dessa cultura machista e arcaica – que ainda faz homens pensarem que são donos dos destinos das mulheres – tem que partir deles”, diz a jornalista e feminista Patricia Zaidan. 

A campanha está a todo vapor nas redes sociais e clama pela participação de todas as pessoas que acreditam em outro tipo de sociedade. “Queremos um país e um mundo onde sejamos respeitadas e possamos viver em toda a nossa plenitude para sermos o que quisermos ser”, defende Gicélia Bitencourt, secretária da Mulher da CTB-SP.

“A pandemia agravou a situação de agressividade contra as mulheres e meninas, contra a infância e juventude, contra os idosos, contra a população negra e os povos indígenas”, lamenta Celina. Mas “somos a maioria e daremos um basta a tudo isso. Direitos iguais, respeito à vida, à cultura, à ciência e aos direitos humanos, formam a nossa luta”.

Não se cale

Denuncie todo tipo de violência pelo Disque 100 e pelo Ligue 180.

Portal CTB

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