Os cantores Roberto Carlos e Wando encabeçam a lista dos “amigos dos homossexuais” que receberão o “Triangulo Rosa” no 20° Oscar Gay, promovido anualmente pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), mais antiga entidade de utilidade pública do gênero em atividade no Brasil. A lista divulgada nesta quinta-feira, 22, em Salvador, cita também os inimigos dos homossexuais nos últimos 12 meses devido a declarações ou atitudes consideradas preconceituosas e incentivadores da homofobia. Entre esses estão o presidente do Palmeiras, Luiz Belluzzo pela sua declaração “vamos matar bambi!”, e a direção da Escola de Samba Gaviões da Fiel, “por expulsar um grupo de gays por dançarem de forma ‘afeminada'”. Os “inimigos” ganham o Troféu Pau de Sebo.
Conforme o antropólogo Luiz Mott, ativista homossexual, criador do Oscar Gay, a intenção da premiação é estimular autoridades e personalidade “a defenderem com coragem a cidadania plena dos homossexuais e inibir a intolerância homofóbica”. Foi o que fizeram, na interpretação do GGB, Roberto Carlos e Wando. O primeiro declarou-se favorável ao casamento gay: “Todo mundo tem direito à felicidade, desde que não interfira na dos outros. Sendo assim, não há problema”, disse, conforme anotaram os ativistas. Wando, que curiosamente passa uma ideia de conquistador machista, manifestou-se a favor “do casamento e adoção homossexual, e pela música homoafetiva ‘Emoções’”, justifica o mentor do Oscar Gay. O cartunista Maurício de Sousa, foi outro amigo destacado com o “Triangulo Rosa” por ter incluído entre os personagens da turma da Mônica, o personagem gay “Caio”.
O Triangulo Rosa é uma alusão ao distintivo utilizado pelos nazistas nos campos de concentração para identificar os prisioneiros homossexuais. Estima-se que mais de 300 mil gays foram presos por Hitler. O Triângulo Rosa tornou-se o símbolo internacional do orgulho gay. Já o Pau de Sebo, explica Mott, aproveita “uma tradição irreverente do folclore brasileiro para mostrar o ridículo dos inimigos dos gays e lésbicas: por mais que queiram destruir o movimento de libertação homossexual, nunca chegam a seu objetivo, caindo e se lambuzando no pau de sebo da vergonha e ignorância. Mesmo que esperneiem, aumenta a cada ano o número dos gays assumidos e o apoio dos simpatizantes, além das garantias legais a favor de
nossa cidadania”.
Entre os que “se lambuzaram” na visão do GGB, além de Belluzzo e da Gaviões da Fiel, estão o Tribunal de Justiça de São Paulo, Oitava Câmara de Direito Privado, “por não reconhecer união estável de dois homossexuais que viveram 20 anos juntos”; e alguns religiosos como o Arcebispo de João Pessoa, D. Aldo de Cillo Pagotto, “por proibir ao padre Luiz Couto, deputado federal (PT/PB), de exercer o sacerdócio devido a suas declarações a favor do uso da camisinha e contra a discriminação aos homossexuais”; o senador Magno Malta, evangélico, “pela campanha contra a criminalização da homofobia”, quando chegou a acusar “a criação de uma ditadura e império homossexual no Brasil”; e o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, “por defender que a homossexualidade é “abominação, paixão infame, perversão moral e rebelião consciente contra o que Deus estabeleceu na criação”. A lista completa dos “agraciados” pode ser vista no portal do GGB: http://www.ggb.org.br/oscar%20gay%202010.html