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Ato de repúdio a Gilmar Mendes

 

 

Se os problemas fossem restritos a Gilmar Mendes, bastaria esperar até abril de 2010 para que o ministro retornasse à irrelevância plenária. O “espírito Mendes” infecta cada corredor, cada cadeira almofadada, cada elevador do Judiciário brasileiro.


 O “espírito Mendes” está na própria tentativa de Joaquim Barbosa passar aos anais como o Eliot Ness de José Dirceu, atropelando procedimentos para cumprir os prazos de um julgamento politicamente contaminado desde a origem (engraçado é que seu “destempero verbal”, subitamente descoberto pela imprensa, tenha passado despercebido na época do chamado Mensalão).


 O “espírito Mendes” manifesta-se ainda na absurda cassação de Jackson Lago, defendida pelo presidente do TSE, Ayres Britto, segundo o qual um candidato é responsável por qualquer ilícito praticado por qualquer cabo eleitoral, mesmo que este aja por conta própria (basta pagar uns trocos para alguém assumir uma ilegalidade, e melamos a eleição). E manifesta-se também na estapafúrdia decisão de empossar o segundo colocado do primeiro turno, via anulação dos votos do cassado, como se a rejeição àquele não tivesse peso na decisão do eleitorado.


 O “espírito Mendes” arrasta suas correntes na decisão da desembargadora Cecília Mello, que desqualificou o trabalho do juiz Fausto de Sanctis na operação Castelo de Areia utilizando argumentos inaceitavelmente subjetivos, para não dizer tendenciosos.

 E por aí vai. O conservadorismo obsoleto, o conflito de interesses e as aparentes mentiras de Gilmar Mendes deveriam constranger seus colegas de tribunal a, pelo menos, solicitar comedimento ou explicações plausíveis. Se os nobres magistrados conseguem engolir essas idiossincrasias, pior para eles. Mas não nos deixemos levar por simplificações personalistas, pois não chegamos a essa miserável situação apenas graças a uma ou duas entidades penadas.


Matéria extraída do site do Guilherme Scalzilli

 

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