Garcia: programa de governo Dilma deve mobilizar sociedade
Na abertura do Encontro Nacional Extraordinário de Setoriais do PT, na Câmara Municipal de São Paulo, sexta-feira à noite (30/4), o assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, iniciou parte das discussões internas sobre o programa de governo da pré-candidata Dilma Rousseff.
Coordenador do documento, Garcia expôs aos petistas um panorama do governo Lula e ressaltou a necessidade de mobilização social em torno da campanha petista. “Vamos ter que afinar a viola”.
– É um conjunto de diretrizes (o programa “A grande transformação). Não é a imposição de um partido. Deixamos claro que seria um projeto oferecido aos partidos e à sociedade brasileira. Teremos que coordenar as elaborações que estão sendo feitas e debater com os outros partidos. Alguns têm pouca experiência, outros têm mais – explicou Garcia.
Mais cedo, Dilma havia feito a palestra inaugural do encontro de 15 setoriais do PT, que devem formular pontos de seu programa. Na sessão reservada à militância, Garcia traçou alguns dos procedimentos para os debates – primeira exigência: menos prolixidade.
– Os documentos precisam ser curtos. Se for muito longo, nem nós vamos ler… Se você tem mais de cinco prioridades, você não tem nenhuma. Você deve ter cinco, seis, sete, e ponto – fincou.
Nesta segunda, uma reunião em Brasília discutirá o método dos trabalhos e as comissões. Na quarta, será traçada uma plataforma para interagir na internet, por meio de um blog ou site. Garcia quer integrar setores não-partidários à discussão do projeto presidencial de Dilma.
– Temos que trabalhar o conjunto da sociedade… O problema do programa de governo é de elaboração, mas também de mobilização… A eleição é um momento privilegiado de mobilização da sociedade.
O assessor especial da presidência avaliou que, nos primeiros quatro anos de governo, Lula conseguiu “acertar o quadro de caos social e econômico” e refutou as semelhanças com a gestão de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002): “Não há continuidade de política econômica”.
– Nesses sete anos e quatro meses houve uma retomada de crescimento econômico. E essa retomada se fez com distribuição de renda, equilíbrio macroeconômico e redução de vulnerabilidade externa – declarou, logo na abertura, ressaltando que outros países cresceram, mas enfrentam críticas por não ter um regime democrático.
Num momento de análise das forças políticas na campanha de 2010, Marco Aurélio Garcia ironizou a aproximação do pré-candidato José Serra (PSDB) com o lulismo.
– O pós-Lula é a Dilma, vamos deixar isso claro! Aqueles que fizeram oposição durante sete anos agora querem esconder. Todo mundo é lulista. Serra é o maior lulista que tem… Quem tem condições de dar a continuidade são aqueles que estiveram comprometidos nesse processo – defendeu o professor, citando a ex-ministra da Casa Civil como legítima sucessora.
Durante o mês de maio, os debates internos serão acelerados, para que o esboço inicial do programa seja debatido com os partidos aliados (PMDB, PC do B, PR, PDT e PRB). “É sistematizar e transformar em temas de grandes debates da sociedade”, ressaltou Garcia. Para ele, “o Brasil tem uma estrutura complicada, federativa, com algumas questões que não sabemos de quem é a responsabilidade” – e exemplificou com os setores da segurança, educação e saúde.
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