Por: Marcos Aurélio Ruy com a colaboração de Luciana Maria da Silva.
Aconteceu nesta terça-feira (6), a primeira audiência pela qual o ator pornô Alexandre Frota move ação indenizatória contra a ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, do governo Dilma, Eleonora Menicucci.
Dezenas de mulheres realizaram um ato de solidariedade à Menicucci e contra a cultura do estupro (leia mais aqui), em frente ao Fórum do Juizado Especial Cível Central no bairro Paraíso, na capital paulista.
Frota pede R$ 35 mil porque a ex-ministra criticou o ministro golpista da Educação Mendonça Filho por ter recebido o ator como consultor sobre políticas educacionais, em maio deste ano.
Menicucci reclamou de o ministro receber alguém que já confessou ter feito sexo com uma mãe de santo sem o consentimento dela, no programa “Agora É Tarde”, da Band, que era apresentado por Rafinha Bastos à época, o mesmo que insinuou fazer sexo com Wanessa Camargo e o bebê dela, ainda no ventre.
“É inadmissível alguém como esse sujeito ter tamanho prestígio nesse governo golpista. Por isso, se julga no direito de atacar os direitos das muheres”, diz Ivânia Pereira, secretária da Mulher Trabalhadora da Central dos Trabalhadores Trabalhadoras do Brasil (CTB).
“Basta assistir ao programa em que o ator fez a sua parafernália, com vídeo disponível na internet, para a Justiça entender que a ex-ministra tem toda razão e quem vai ser obrigado a indenizar será o ator pornô, não a Menicucci”, complementa.
Ivânia afirma que a CTB presta solidariedade à ex-ministra e cientista política e se põe a disposição para o que “ela precisar para vencer essa batalha judicial tão descabida e imoral”. O Instituto Patrícia Galvão também se solidariza com Menicucci.
O “posicionamento crítico em relação a um episódio de banalização do estupro narrado pelo ator Alexandre Frota em rede nacional, quando Ministra das Mulheres, foi imperativo, essencial e importante para as mulheres do país”, diz nota do instituto sobre Menicucci.
A audiência conciliatória terminou sem conciliação e o processo continua. A ex-ministra garante que vai até o fim. Porque tem a certeza do dever cumprido. Ela acusa o governo golpista de promover amplo retrocesso nos direitos conquistados pelas mulheres na última década.
Depois do término da audiência, a ex-ministra disse que “a minha história jamais permitiria que eu fizesse um acordo. Nem pedir desculpas e, tampouco, achar que ele fez o programa gratuitamente. Ele está me processando por eu ter falado que ele fez apologia ao estupro? Há uma articulação maior do que o simples fato dele estar me processando. Essa é uma cultura fascista que nós estamos enfrentando no Brasil”.