O governador Aécio Neves ganha, nesta segunda-feira (6), um aliado na sua campanha para se tornar o candidato do PSDB a presidente da República. Nesta tarde, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, o ex-presidente Itamar Franco (1992-1994) oficializa a sua filiação ao PPS, um dos que compõem a base de sustentação do governador de Minas, assim como integra o bloco de oposição ao governo Lula no Congresso Nacional. Aos 79 anos de idade, os últimos três sem partido, quando muitos imaginavam que não mais se aventuraria na política, o controvertido político de Juiz de Fora volta à cena, prometendo fazer dura oposição ao governo federal, que ajudou a eleger. Itamar afastou-se de Lula depois de deixar, voluntariamente, o cargo de embaixador na Itália, em 2005. Sem esconder sua mágoa, ele diz que o petista o esqueceu.
Genioso, promete, também, fustigar o ex-presidente tucano, Fernando Henrique Cardoso, seu ministro da Fazenda no período em que exerceu a Presidência da República, após o impeachment de Fernando Collor.
Há muito Itamar não se entende com Fernando Henrique. Sempre que pode faz questão de contestar seu sucessor, principalmente se o assunto for o Plano Real. Expôs suas desavenças mais uma vez há poucos dias, nas várias entrevistas que concedeu, por ocasião do aniversário de 15 anos do mais bem sucedido plano de estabilização econômica do País, lançado em sua administração, em 1993. Ele insiste em ser lembrado como o líder que viabilizou a sua implantação.
”A todo instante assistimos na TV o PSDB comemorando os 15 anos do Plano Real. O plano foi elaborado por muitos partidos, não é só de um ministro. E é preciso lembrar que o Plano Real foi assinado pelo presidente da República”, reclamou ele, antecipando mais barulho até as eleições do ano que vem: ”Isso vai ter que ficar muito claro durante a campanha.”
Nos últimos anos, Itamar tornou-se um fiel aliado de Aécio Neves, que chegou ao Palácio da Liberdade em 2003 com apoio do ex-presidente. Hoje, é um dos mais ferrenhos defensores da candidatura do governador mineiro à Presidência da República, no ano que vem.
Convicto de que é hora de Minas voltar a deter o poder central, o ex-presidente costuma salientar as diferenças de comportamento do governador mineiro em relação ao adversário paulista: ”Serra atua nos bastidores. Aécio joga mais aberto”, elogia. E justifica assim o seu ingresso no PPS: ”É um partido que tem afinidades bem próximas ao que defendi ao longo da vida e, ao mesmo tempo, hoje, tem uma base de apoio muito forte ao governador em Minas”.
Mas, se Itamar Franco fala sem rodeios de seu candidato a presidente da República nas eleições de outubro de 2010, comporta-se como verdadeira esfinge quando se trata de revelar as suas aspirações políticas, agora que é uma das principais estrelas do PPS. Quando o Análise Política da Agência Estado quis saber sobre suas pretensões, o ex-presidente foi evasivo: ”Entro no PPS, por enquanto, num processo político e não eleitoral”.
Em conversas e entrevistas, ele descarta categoricamente a possibilidade de vir a compor uma chapa como vice de José Serra como forma de unir os dois maiores colégios eleitorais do país.
O certo é que a entrada do ex-presidente no partido liderado por Roberto Freire deve acirrar a disputa pelo governo de Minas, que já tem três pré-candidatos declarados: o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) e o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias (PT). Fiel a seu estilo, Itamar chega, mais uma vez, para embaralhar o quadro político.
Agência Estado