Durante a escravidão foram muitas as perseguições e maus tratos que os negros foram obrigados a passar. Um sofrimento que multiplicou os problemas de um povo. Os negros foram trazidos acorrentados numa árdua e longa travessia que com suas lágrimas ajudaram a manter o oceano. Eram navios negreiros que trouxeram a cultura e traços da África. O Brasil foi uns dos países que adotou a escravidão, ou melhor, uma vergonha e covardia. O martírio levou uns ao suicídio, outros a fuga e muitos a rebelação contra um sistema escravista e racista implantado pelos colonizadores. Organizando o Quilombo dos Palmares como uma demonstração de resistência cultural uma experiência libertária que durou quase 100 anos, liderado pelo guerreiro Zumbi que lutou até a morte para defender a soberania do Quilombo dos Palmares com seus ideais de igualdade, liberdade e justiça. O dia 20 de novembro não é a comemoração da morte de Zumbi e sim um dia de orgulho e rebeldia negra e que não deve ficar restrito a um único dia, pois todos os dias são de conscientização da identidade étnica negra.
O dia 20 de novembro fica registrado a lembrança da morte física de um herói negro, símbolo da resistência, pois a luta de Zumbi que ainda hoje não acabou está presente em cada negro. Os dados atuais da situação do povo negro comprovam a atualidade da discussão sobre as desigualdades raciais e o absurdo que foi o processo abolicionista, que não reparou ou compensou o povo negro, descendente direto dos ex-escravos. Junto com o dia da Consciência Negra deveria ser o dia do perdão, pois foram o povo mais humilhado de toda a história contemporânea em que até hoje sentem a dor dos chicotes embutidos na discriminação racial, só sabe quem é negro quem o é! “Aboliram” a escravidão mais não integraram o negro na sociedade continuaram sendo exclusos com sua liberdade apenas no papel. Quem não vivenciou a escravidão ainda hoje sente na pele o preconceito e discriminação racial.
Precisamos de movimentos, manifestos e eventos de conscientização da auto-afirmação da identidade negra, onde assumir a cor é uma questão de educação e visão histórica, que infelizmente muitos negros ainda não conhecem. Precisamos lutar para romper as teias discriminatórias, preconceituosas e racistas, onde a desunião pode provocar o enfraquecimento dessa luta. Queremos redimensionar as concepções de políticas públicas, dando um passo rumo a uma mudança que se mostra inadiável. É por isso que os grupos negros organizados repudiam o 13 de maio como data comemorativa da “abolição da escravatura”. Para nós o significativo é o dia 20 de novembro Dia Nacional da Consciência Negra quando é lembrada a morte do líder negro Zumbi. O negro deve valorizar sua cultura e rejeitar o conceito que nos mantém como minoria, e cada qual se fazer representante desta identidade, colocando este movimento ativo, perpetuando a coragem, a força e o heroísmo de tantos negros que lutaram para manter viva esta história.
(*) Suzana Tavares – Jornalista e Produtora Cultural