A Câmara dos Deputados vai decidir, na tarde desta terça-feira, se põe fim àquele que já é o maior período sem cassações no período democrático do Brasil – e não por falta de escândalos. Os parlamentares vão analisar o caso de Jaqueline Roriz (PMN-DF). A deputada e seu marido, Manoel Neto, foram flagrados em vídeo recebendo dinheiro de Durval Barbosa, delator do mensalão do DEM. A gravação foi feita em 2006, quando ela era candidata a deputada distrital. As imagens, porém, só vieram á tona neste ano.
Será o primeiro teste do tipo para esta legislatura. Jaqueline é uma figura nula na Câmara: recém-chegada, ela pertence a um partido nanico, não apoia a presidente Dilma Rousseff nem se alinha com a oposição. Mas o caso pode abrir portas para novas cassações. Isso porque, até o ano passado, a tese que prevalecia era a de que fatos anteriores ao atual mandato não podiam ser usados para a perda do cargo.
O Conselho de Ética, entretanto, já aplicou um novo entendimento no caso de Jaqueline: foram 11 votos a três pela cassação, acompanhando o relatório do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). Mas, no plenário, em votação fechada, o instinto de sobrevivência pode pesar.Termômetro – O caso vai servir de termômetro para a nova legislatura. Boa parte dos deputados ouvidos pelo site de VEJA acredita que a deputada será cassada.
Mas há quem aposte na absolvição, graças ao voto secreto. Há parlamentares que temem as consequências da cassação de Jaqueline: qualquer ilegalidade cometida antes do exercício do mandato poderia justificar uma cassação.Se Jaqueline for absolvida, vai ser a primeira da turma do Mensalão do DEM a escapar da cassação mesmo após ser flagrada em vídeo recebendo dinheiro do operador do esquema, Durval Barbosa.
Mesmo a corporativa Câmara Legislativa do Distrito Federal não poupou o mandato dos três deputados distritais filmados em situação semelhante: Eurides Brito (PMDB) foi cassada. Júnior Brunelli (PSC) e Leonardo Prudente (PMDB) renunciaram para fugir da punição inevitável.Caso os deputados decidam punir a deputada, ela perderá os direitos políticos por oito anos. O posto da parlamentar seria assumido por Laerte Bessa (PSC-DF), figura próxima do e
x-governador Joaquim Roriz – pai de Jaqueline.Depois de Jaqueline, o próximo parlamentar a tentar fugir da cassação será Valdemar Costa Neto (PR-SP). Na semana passada, o Conselho de Ética abriu processo por quebra de decoro contra o parlamentar, acusado de envolvimento em desvios no Ministério dos Transportes e de ligação com um esquema de cobrança de propina na Feira da Madrugada, em São Paulo.
Fonte: Veja