O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) vê duas correntes contraditórias apoiando o projeto da sua candidatura a governador de São Paulo. A primeira, liderada pelos seus colegas na Câmara Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Cândido Vaccarezza (SP, líder do PT na Casa) e Márcio França (PSB-SP), age de “boa-fé” e outra, que ele não quis identificar os nomes, deseja usar o movimento para tirá-lo da disputa presidencial. “Francamente, nunca esteve na minha cogitação disputar o governo de São Paulo, mas algumas pessoas por quem eu tenho muito respeito têm me pedido para pensar sobre esse assunto. O que eu preciso é ver respondida a pergunta: a que serve esse desafio?”, disse o deputado cearense em entrevista exclusiva ao jornal Correio Braziliense. Segundo Ciro, o que o empolga na política é muito pouca coisa.
“Estou completando 30 anos de vida pública, felizmente uma vida pública decente, dedicada a resgatar com muita responsabilidade a confiança que as pessoas me deram generosamente ao longo desse tempo. E me preparo para ser candidato a presidente do Brasil.” Ele diz que Aldo Rebelo, Cândido Vaccarezza e Márcio França agem de boa-fé e pensam que é hora de oferecer uma coisa nova ao debate em São Paulo. “Consigo ver duas correntes contraditórias colocando esse assunto na pauta: uma é de pessoas que, abusando da inteligência dos amigos, mas mais do que isso, desrespeitando a gente valorosa de São Paulo, deseja fazer esse movimento para me tirar do caminho da disputa presidencial”, argumentou. Questionado se não “poderia dar nomes aos bois”, Ciro preferiu não mencionar ninguém. Disse que ainda é cedo e só fará quando separar o joio do trigo. “Aqueles que mencionei estão de boa-fé”, limitou-se.
Ele aproveitou para fazer criticas aos tucanos paulistas. “Um mesmo grupo administra São Paulo e os problemas se agravam em todos os ângulos. Não há um projeto estratégico. As pessoas acham que posso dar uma contribuição a esse pedaço importante do Brasil que é São Paulo. Fico honrado, mas é um desafio grande demais para tomar uma decisão sem amadurecer muito.” Sobre a possibilidade de ser candidato a vice numa chapa liderada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), o deputado diz que ninguém é candidato a vice. “Você pode desejar, comunicar a seus companheiros de partido, de base política, o desejo de participar do processo. Mas nem mesmo candidato você pode querer ser. Sonho em servir ao Brasil como o seu presidente”, desconversou.
Ciro também comentou sobre a dificuldade que terá dentro do PSB para firmar sua candidatura, uma vez que o presidente da sigla, governador Eduardo Campos (PE), tem na candidatura Dilma a chance de unir os partido em torno de seu nome numa campanha a reeleição. Para ele, não haverá como arrancar uma candidatura dentro do partido. “Não vou de forma nenhuma. Pelo contrário. Estou pronto para aproveitar o que me resta de juventude na vida pessoal. A instrução que tenho do partido é para preparar uma candidatura à Presidência. Há muita intriga, futrica, normais nesse período. Mas entre nós há muita seriedade. O presidente Eduardo Campos não é Roberto Freire. É uma pessoa transparente, líder natural do partido, que não precisa de expedientes traiçoeiros, como aqueles que experimentei no PPS”, disse.
De Brasília,Iram Alfaia