Um dos principais cartões postais de Salvador, o Elevador Lacerda, na Praça Municipal, foi escolhido para acolher o primeiro escritório integrado da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil. A nova sede, inaugurada nesta sexta-feira (26) vai funcionar junto com as agências das Nações Unidas no país. Cinco organismos de cooperação internacional atuarão no local que simboliza a união da Cidade Alta com a Cidade Baixa.
A solenidade de inauguração foi marcada também pela comemoração dos 65 anos da ONU, com a abertura da exposição fotográfica Nações Unidas e Brasil: 65 Anos de Cooperação, 65 Anos de Realizações, no Palácio Rio Branco, com a presença do governador Jaques Wagner, do prefeito João Henrique e do coordenador residente da ONU no Brasil, Jorge Chediek.
Os convidados foram recebidos com a apresentação da orquestra Neojibá e puderam conferir, por meio de 85 fotos históricas, a participação do Brasil no processo de criação e consolidação do organismo internacional, fundado em 1945 e que hoje reúne 192 estados membros. As fotos resgatam a trajetória do país e da ONU, lembrando de brasileiros que lutaram pela causa humanitária.
Wagner parabenizou os 65 anos da instituição, pensada no pós-Segunda Guerra Mundial, e disse que a ONU deve cada vez mais ser fortalecida. “A primeira casa da ONU no Brasil ser em Salvador reescreve a nossa própria história, porque aqui é a terra fundadora da nação brasileira e do povo brasileiro”. Ele lembrou que na capital baiana já funciona uma unidade do Itamaraty.
“A casa da ONU representa uma opção dos vários escritórios das Nações Unidas, reconhecendo a importância da primeira capital do Brasil. Temos o único escritório que abriga todas as frentes de trabalho das Nações Unidas. Isso mostra que o estado carrega essa característica de abraçar todas as raças, etnias, todos os credos, e acaba produzindo a integração das agências no mesmo local”, destacou o governador.
Para Jorge Chediek, a parceria entre o município e o estado tem sido muito bem sucedida. “A ideia da sede é aprofundar essa integração entre os governos e os organismos internacionais. Salvador tem muito a oferecer, com práticas de desenvolvimento que podem ser replicadas em outros países”.
A princípio, vão atuar no local o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).
Parceiro comprometido politicamente
De acordo com a representante, no Brasil, da Unicef, Marie-Pierre, existem no território brasileiro dois países: o primeiro avançou muito, e o outro ficou para trás e possui indicadores sociais mais desafiadores. “O Nordeste é um desses exemplos. Escolhemos o estado da Bahia por ser um parceiro comprometido politicamente. Outro fator que teve um impacto muito grande foi que a própria capital baiana ofereceu à ONU o Elevador Lacerda, local simbólico que reflete a necessidade da união entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa”.
Ela ressaltou a posição da Bahia em garantir “os direitos da infância e os direitos de toda sua população de uma maneira sustentável e equitativa”.
Segundo Marie-Pierre, o que está acontecendo hoje é a confirmação de que tudo que foi estudado e proposto pelo Plano de Reabilitação do Centro Antigo de Salvador (CAS) está dando certo.
“Uma das propostas do plano trata da instalação de entidades governamentais na região do CAS. A Secretaria Estadual da Cultura já está no Rio Branco e o governador vai realizar despachos no local. A instalação da ONU aqui envolve um grande valor simbólico”, acrescentou a coordenadora-geral do Escritório de Referência do Centro Antigo de Salvador, Beatriz Lima.
Eliane Costa com Agecom Bahia