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Grito de Alerta: Ato em São Paulo é marcado por críticas à política econômica do país

Mudança na política econômica. Essa foi a tônica dos discursos de sindicalistas e empresários no grande ato do movimento “Grito de Alerta em defesa da produção e do emprego”, realizado em São Paulo com a participação de 90 mil pessoas.

Realizada em frente à Assembleia Legislativa do Estado (Alesp), a manifestação compõe um calendário nacional de atividades que ainda passa por Manaus, Minas Gerais, Bahia, Ceará e Brasília, que fecha o ciclo.

“A construção desse movimento é importante para a nação como um todo, pois o que está representado aqui é o setor produtivo unido por um novo projeto de desenvolvimento para o país que reduza a taxa de juros e controle o câmbio para termos uma indústria forte com empregos valorizados”, destacou o dirigente da CTB e deputado federal Assis Melo (PCdoB-RS).

Opinião compartilhada pelo vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana. “Este é um ato que representa um marco, algo que por sua amplitude e por seus objetivos deve provocar grande impacto. O projeto nacional de desenvolvimento pelo qual lutamos precisa de uma política industrial afirmativa, com juros menores e mudanças na política macroeconômica”.

Sobre as diferenças de opiniões, Salaciel Vilela, secretário-geral adjunto da CTB, lembra que é importante saber deixá-las de lado em prol de um bem comum. “Divergências nós temos, mas neste momento as colocamos de lado para construirmos uma unidade que tem como objetivo pontual avançar na construção de um projeto de desenvolvimento, que passe por melhores condições de trabalho e salários mais justos”.

Concorrência desleal

Empresários e sindicalistas estão preocupados com os números apresentados pela indústria nacional, que tem sofrido com a concorrência desleal dos produtos importados. “Esse ato serve para alertar à população que compra esses produtos e não pensa de onde vem. Estamos num processo de desindustrialização e o resultado será o fechamento dos postos de trabalho. Daí a importância dessa manifestação”, alertou Fausto Augusto Junior, assessor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos).

Para o técnico do Dieese, as medidas anunciadas pela presidenta Dilma Rousseff na última terça-feira (03) estão no caminho certo. No entanto, de acordo com ele, ainda existem diversos pontos que precisam ser alterados, como baixar a taxa de juros e facilitar o acesso dos micro empresários aos benefícios. “As grandes empresas conseguem ter acesso a essas medidas. Mas o desafio está em fazer as pequenas também terem acesso. Isso é muito mais complexo. Daí o governo vai precisar trabalhar mais isso”.

O pacote econômico anunciado incluiu entre outras medidas a desoneração da folha de pagamento para 15 ramos de atividade, com a extinção da contribuição previdenciária patronal (20% dos salários) e sua substituição por um imposto sobre o faturamento, com alíquota entre 1 e 2%.

No entanto, para os sindicalistas, apesar de positivas, as medidas são insuficientes, pois o cenário demanda iniciativas mais rigorosas. “Estamos no caminho certo, mas ainda falta muito. Essas são medidas paliativas, que não resolvem o problema que estamos enfrentando. É preciso mais”, destacou Onofre Gonçalves, presidente da CTB São Paulo.

Trabalhadores, sindicalistas e empresários agora se preparam para cumprir o calendário e engrossar os atos que acontecem em Belo Horizonte, Manaus, Ceará, Bahia e Brasília.

“Somos todos vitoriosos por todo esse movimento desencadeado Brasil afora, que demonstra esta unidade. Neste ano, mostramos mais uma vez que nós, trabalhadores e trabalhadoras, somos capazes de nos unir por bandeiras que não dizem respeito apenas a nós, mas sim a todo o país”, comemorou Raimunda Gomes, a Doquinha, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB.

Cinthia Ribas – Portal CTB (fotos: CTB e Joca Duarte) 

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